domingo, 31 de maio de 2009

Problemas Domésticos

Uma das lâmpadas da minha cozinha está a dar o berro. Sinto-me numa discoteca de cada vez que lá vou.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Erasmus Soulmate

A Sara é portuguesa e também mora com uma chinesa.
Vem de Braga e traz sotaque do Norte. 
Não é de grandes meninices nem outras mariquices. 
Estuda Línguas Aplicadas, sem coisas culturais associadas.
Trouxe-me arroz Cigala, rissóis e pastéis de bacalhau quando foi a casa.
Foi-me buscar à estação de comboio quando voltei de casa.
Foi comigo à feira e deu-me um SpongeBob!
Parva! Em vez do magnífico carro de corrida, ganhou um peluche, de nome Pilinhas.
Foi jantar fora comigo ao Sr. Miguel.
A Sara é a menina de conversas a fio sobre namoros que sobrevivem graças à internet.
Ela percebe a angústia de frases que soam a "despacha" e afins.
Também tem saudades de comer peixe fresco.
É viciada em café.
É doida: está a fazer ainda mais uma cadeira que eu (9 no total).
A Sara ajuda-me quando não percebo alemão e corrige os meus trabalhos.
Vai comigo às compras quando preciso e mostra-me iogurtes de chocolate bons.
Gosta das mesma roupa que eu, mas em cores diferentes.
Também lhe apetece chorar com os preços alemães de vez em quando.
Andou na Roda Gigante comigo.
Ouve as mesmas coisas que eu e partilha paixões musicais de adolescência.
Está sempre a refilar comigo porque não ando sempre de máquina fotográfica atrás.
Vai ter comigo depois das aulas.
Sabe dançar como deve ser.
Goza comigo quando estou a precisar.
Diz coisas como "estrujido" em vez de "refogado", "pelei-me" em vez de "queimei-me" ou "sapatilhas" em vez de "ténis".
Vai comigo passear a Londres e Itália.

A Sara é fixe.
Gosto da Sara.
E é só isso.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Acordar Lisboa que a madrugada não espera por nós. O dia não se levanta muito cedo para que os sonhos durem mais tempo. Somos quatro a amar naquele pedaço de mundo. Eu, tu, o rio e a cidade. 

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Problemas linguísticos

Além da gramática e do vocabulário, outra das coisas que complica o "Deutsch sprechen" é a pronúncia. Para que conste, eu tenho um sotaque francês quando falo alemão. Ainda assim, não tão mau quanto o dos franceses. Mas está a melhorar. Ainda assim, de vez em quando, sou obrigada a travar algumas batalhas com determinadas palavras. Será que amanhã vou conseguir dizer direitos de autor sem dizer o equivalente a vadia/galdéria/p**a na minha apresentação? Espero realmente que sim!

die Urheberrecht (direitos de autor)
die Hure (vadia/galdéria/p**a)

sábado, 23 de maio de 2009

Canção #7

Se não matas a saudade
Quando morres de vontade
De pôr à saudade fim
É talvez porque preferes
Ter da saudade o que queres
E não me pedes a mim

É talvez porque preferes
Ter da saudade o que queres
Mas não me pedes a mim

A saudade em que me deixas
É penhor das tuas queixas
Por não dizeres a verdade
Bastava que me pedisses
De cada vez que me visses
O que pedes à saudade

Bastava que me pedisses
De cada vez que me visses
O que pedes à saudade

O que dás, se me não vês
Não consigo que me dês
Por timidez ou vaidade
E a saudade que vais tendo
Com ela vives, morrendo
Pr'a me matares de saudade

E a saudade que vais tendo
Com ela vives, morrendo
Pr'a me matares de saudade

Talvez seja o que tu queres
E é por isso que preferes
A saudade em vez de mim
Morrendo os dois de saudade
Temos toda a eternidade
Pr'a pôr à saudade fim

Morrendo os dois de saudade
Temos toda a eternidade
Pr'a pôr à saudade fim

Camané - Ciúme da Saudade

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Nunca vamos saber amar por palavras, mas há verbos que não merecem tanto silêncio. E os ouvidos precisam de aprender que o som é sempre muito mais que amplitude e frequência.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Portugal

Aviso prévio: este post é grande e, provavelmente, desinteressante, pelo que não é aconselhado a pessoas com sonolência aguda ou nível de cansaço extremo.

Fui a Portugal em contra-relógio. 3 dias e meio e 4 noites para matar saudades. Ver a família (espalhada entre os dois lados dos Tejo, entre lados opostos da periferia de Lisboa, perdida algures na costa alentejana), ver os amigos (faculdade, Técnico). E, claro, aproveitar cada momento com o meu respectivo.

Cheguei a Faro a pensar no autocarro que ainda faltava apanhar para a minha Lisboa. Mochila às costas. Ir ao multibanco. Seguir caminho para dentro da cidade. Ou não. 9h15. Quando olhei, ela estava ali à minha frente, de abraço e sorriso preparados para me receber como se eu nunca tivesse ido para longe. Ela que não me podia ir buscar porque tinha uma aula importantíssima. Ela, a Inês, a melhor amiga do mundo. 

Voltar para cima, «As placas estão em português!», pôr a conversa em dia, mimos, sorrisos, beijinhos, parar na avó, música basof no carro, somos de Massamá, gargalhadas, portagens, 120 km/h, sentidos proibidos em Lisboa, Praça de Espanha, Campo Pequeno, abraço.
Obrigada.

Correr até Entrecampos. Ele estava lá à minha espera. Estou em casa. Sou a trapalhona de sempre, carteira esquecida no carro dela. Ir à faculdade. Tudo na mesma... Os sorrisos, os abraços, as vozes, as palhaçadas, a cumplicidade e a vontade de estarmos juntos. Tenho os melhores amigos do mundo! O meu Afilhado deu-me a t-shirt que lhe andava a namorar desde as praxes e daqueles abraços que não se esquecem. Clichés à parte, "longe mas sempre perto". Ir buscar a carteira, para visitar a primeira leva de família. Mãe, manos, tia, primos. Crianças irrequietas e adoravelmente endiabradas. Gosto de te ver brincar com eles. Não gosto de saber que eles crescem enquanto estou tão longe.

Quinta-feira. Acordar o mano maior, levar o pequeno à escola. Técnico, Rádio Zero. Esperar por quem disse que me queria ver e não chegou a aparecer. Mas os de sempre nunca falham, mesmo quando chegam atrasados. Segunda leva de família. A bisavó não se esqueceu de mim e perguntou logo se eu já estava de volta (101 anos!). Descobrir o passado e matar as saudades à pressa. Ir a casa trocar de roupa. Era capaz de jurar que a casa era de outro tamanho da última vez que lá estive. Terceira leva de família: pai, Maria, pseudo-irmã, prima. Português atrapalhado e gargalhadas à mesa. Gosto que estejas sempre ao meu lado. Espectáculo do Luís. O puto está a ficar crescido. Orgulho!

Voltar para uma casa que não é a minha, mas que me viu crescer nos últimos meses antes de vir. Afeiçoamo-nos a quem vive connosco, mesmo que não seja sempre. O meu espaço na cama ainda existe e continua a ser meu, como a almofada onde adormeci. Acordar com o teu despertador às 6h30 (disso não tinha saudades, pá!), e acordar depois em cima da hora. Tomar banho à pressa, lavar os dentes em conjunto. Pequeno-almoço. Come isso, pá! Vá, despacha-te. As brincadeiras e picardias não se perdem com a distância. Última leva de família: avós e tios, Melides. Robalo para o almoço - sou uma mimada! Sei que tenho a melhor família do mundo. 

Ir para o Algarve. E ser só tua no pouco tempo que restava. Sou feliz contigo.

Domingo de manhã. Levantar ainda antes da 6h. Não consigo dormir. Não quero ir embora. Gosto tanto de ti. Fazer a mala. Se eu não tivesse já pago os bilhetes... Mesmo de partida, tomas conta de mim: sandes na mochila. Aeroporto. Beijo. Abraço. As palavras que nunca chegam e o tempo que passa a correr. Ir embora. Até já...

Viagem interminável com direito a manifestação surpresa em Frankfurt: atrasos no comboio e mudanças de estação imprevistas. Cheguei a Leipzig com a Sara à minha espera e senti-me em casa, outra vez. Que mesmo na Alemanha, Portugal é a minha casa.



terça-feira, 12 de maio de 2009

Casa

Leipzig Hauptbahnhof - Frankfurt am Main Hauptbhanhof
Frankfurt am Main Hauptbhanhof - Frankfurt-Hahn Flughafen
Frankfurt-Hahn Flughafen - Aeroporto de Faro
Aeroporto de Faro - Terminal de Autocarros de Faro
Terminal de Autocarros de Faro - Terminal de Autocarros de Lisboa (Sete Rios)

Partida: 19h15
Chegada: 14h15

Até já! 

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vortrag

Quem me conhece bem, sabe que prefiro uma apresentação a um teste escrito. Não há nervosismo, nem incertezas. Sou só eu e o público. Sem canetas ou folhas pelo meio, as palavras fluem e a magia acontece. Como é óbvio, aqui as palavras não fluem. Tem de estar tudo bem escrito, e nada sai de improviso, para não correr o risco de aniquilar a língua-mãe da audiência. Não gosto de me sentir presa às letras alinhadas no papel. Estou nervosa. O meu sotaque é péssimo. A minha apresentação está mais pequena do que a dos meus colegas. O meu alemão é tão básico. Porcaria mais a minha falta de vocabulário. Só espero que não façam perguntas. Vai correr tudo bem, vai correr tudo bem. Merda. Vai correr tudo mal. É a minha vez. Viagem pelo site: clickar, mostrar, explicar. Leio as minha folhinhas com calma e acrescento um ou outro ponto. Já está. Alguém tem perguntas? Pânico! Por favor, não tenham. O menino lá do fundo tem uma. Porra! Consegui perceber a pergunta. Sabia a resposta. Consegui responder sem me atrapalhar demasiado. No final, correu tudo bem. 


sexta-feira, 1 de maio de 2009