terça-feira, 24 de julho de 2012

#14

Dizem que a história se repete. Os refrões e os poemas feitos hinos pessoais também. Os loops do gosto e do desgosto nunca deixam de tocar lá ao fundo. No meio dos discos oferecidos e das estrofes dedicadas, atafulham-se ilusões de outros tempos. As luzes lá fora brilham baixinho, como o volume do baixo que tropeça nos sacos espalhados pelo chão. A lengalenga continua, como se versos antigos recuperassem paixões modernas. Os LED vermelhos do despertador marcam a hora certa. Tique, taque, tique, taque, tique, taque. O amor é uma bomba-relógio e alguém cortou o fio errado.

Fotografia licenciada em Creative Commons por Kevin Dooley

sexta-feira, 20 de julho de 2012

#13

Entre a consola e os sacos de gomas que se empilham em cima da mesa, a ressaca de glicose teima em instalar-se. Passar mais um nível, matar mais um boss, acabar mais um jogo. Como se todas as vitórias humanas estivessem à distância de meia dúzia de botões. Noites que se tornam dias agarrados ao comando, enquanto a vida não toma conta de nós."Game paused" Respira fundo, carrega no start. De novo o caos desenhado no ecrã da televisão. Venham eles, que mato-os a todos.

Fotografia licenciada em Creative Commons por 96dpi